Dizem que não há lugar como o lar. Mas quando se trata de jogos retrô e da história dos videogames, não há lugar como o Brasil. Graeme Mason mergulha no passado oficial – e não oficial – dos videogames do país sul-americano.
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É a maior economia da América do Sul. Tem a maior população do continente, com mais de 200 milhões de pessoas, e é o quinto maior país do mundo em área territorial. É, claro, o Brasil, e o país tem uma história única de jogos para adicionar às suas outras conquistas. Bem-vindo a um mundo alternativo onde a SEGA tem superado a Nintendo solidamente desde os anos oitenta, e o computador doméstico de 8 bits mais comum era o MSX.
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Consoles de Videogame
Como na maioria dos países, o amor do Brasil pelos videogames domésticos começou na segunda metade dos anos setenta, principalmente com as onipresentes máquinas de Pong. Com as importações da América do Norte caras e fora do orçamento para a maioria dos brasileiros comuns, uma empresa chamada Philco, originária de Filadélfia, EUA, e de propriedade da fabricante de automóveis Ford, criou o Telejogo em 1977. Este console simples continha apenas três jogos embutidos: Futebol, Tênis e Parede, todas variações do famoso conceito de raquete e bola. Apesar da simplicidade, o Brasil adorou o Telejogo o suficiente para que a Philco produzisse uma sequência, o Telejogo II, em 1979, completo com dez jogos 'enormes'.
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O Brasil viveu sob uma ditadura militar durante toda a década de setenta e a primeira metade dos anos oitenta. Entre cortes nos gastos públicos, o governo fez esforços para proteger os produtos nacionais brasileiros, tornando as importações estrangeiras, como os consoles de videogame, ainda mais caras – se é que você conseguia encontrá-las, já que eram oficialmente proibidas por uma lei intitulada Mercado Reservado. O console doméstico dominante da época – o Atari 2600 – assim deu início à tendência de clones brasileiros não oficiais. Empresas locais criaram suas marcas replicando os circuitos internos do console Atari, mais proeminentemente o Dactar Video Game (e Dactar II), Dynacom Dynavision e o CCE Supergame VG-2800. Isso resultou até em jogos exclusivos ou produzidos no Brasil, enquanto outros consoles da segunda geração também apareceram em forma adaptada no Brasil, como o Intellivision (Digiplay) e o Colecovision (SpliceVision). O mercado de consoles domésticos subsequente do Brasil foi dominado por uma empresa: a SEGA, que superou a Nintendo.
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Em 1987, Daniel Dazcal, vice-presidente da operação brasileira da Sharp, deixou a empresa japonesa para ajudar a formar a Tec Toy. Junto com seus parceiros, a família alemã Kryss, Dazcal percebeu uma lacuna no mercado brasileiro de brinquedos eletrônicos e buscou explorá-la, principalmente licenciando oficialmente o console Master System da Sega. Como qualquer outro console, havia muitos clones não oficiais do rival do Master System, o Nintendo Entertainment System. Mas, a partir de 1989, o console da SEGA se tornou oficial no Brasil e, consequentemente, garantiu um grande e dedicado seguimento. O sistema foi tão popular que mais de 20 jogos foram lançados exclusivamente para a região, incluindo vários jogos da Disney e uma versão de Street Fighter 2, lançada em 1997.
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Incrivelmente, o Master System permanece comercialmente popular no Brasil até hoje. A versão mais recente da Tec Toy, o Master System Evolution, ainda está à venda em seu site, por apenas R$360 (£55). Contendo 132 jogos, incluindo Sonic The Hedgehog, Shinobi e Altered Beast, representa um amor nostálgico pelo console da SEGA que o tempo não apagou, sendo uma alternativa econômica aos caros consoles modernos.
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A Tec Toy também manteve a linha Mega Drive, lançando o Mega Drive 4 em 2009, completo com um periférico no estilo Guitar Hero.
Computadores Domésticos
Como mencionado anteriormente, o MSX foi o padrão de computadores domésticos no Brasil durante os anos oitenta. Outra empresa eletrônica brasileira, a Gradiente Eletrônica, produziu o Expert Personal Computer, utilizando o chip MSX Engine, em 1987, seguido pelo Expert DD Plus dois anos depois. Até tinha revistas especializadas oferecendo conselhos de programação e avaliações de hardware e software – como a MSX Top Class – no entanto, apesar da sua ampla adoção, a Gradiente encerrou essa linha de clones do MSX pouco depois do lançamento da segunda máquina.
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Claro, o Gradiente Expert não foi o único computador de 8 bits no Brasil durante os anos oitenta. Também havia clones do Sinclair ZX Spectrum (o TK 95 da Microdigital Eletrônica) e do ZX80 e ZX81 da mesma empresa. Na verdade, a Microdigital tinha uma linha de produção de clones, consistindo no TK2000 (Apple II) e no Onyx Jr, uma réplica do console Atari 2600, lançada após a empresa ter abandonado seus planos para um clone do Colecovision (o Onyx original).
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O Espírito dos Jogos no Brasil
Forjada pela necessidade devido ao seu status político durante as décadas de setenta e oitenta, o Brasil é uma força criativa única nos jogos, desde o lugar especial que a SEGA ocupa no coração de milhões de jogadores até o domínio dos jogos móveis hoje. No Brasil, uma forte empatia cultural e paixão pela tecnologia e pelo entretenimento que ela pode trazer impulsionam isso.
O boom nostálgico do SEGA Master System é mantido vivo no Brasil pelo preço proibitivo de consoles importados, como o PlayStation 4, devido à tributação. Isso resultou em uma cena próspera de produtos piratas, com milhões de jogos ilegalmente copiados e reembalados para o mercado local. Nesse sentido, o advento do Sony PlayStation original e de seus formatos CD-ROM foi uma bênção – agora, os jogos podiam ser facilmente copiados por qualquer pessoa com um gravador de CD.
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No mundo dos jogos retrô, embora hoje tenha se diversificado em eletrônicos de consumo, como laptops, mouses para jogos e monitores de bebês, a Tec Toy mantém viva a chama da SEGA, produzindo consoles oficiais muito depois de a própria SEGA ter abandonado a tecnologia. É claro como cristal que, assim como a Antstream Arcade, o Brasil ama jogos retrô.
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